segunda-feira, abril 30, 2012

Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?



O crescimento da população com mais de 60 anos tornou-se um fenômeno mundial, inclusive com idosos ultrapassando os 100 anos. Este crescimento demográfico se deve principalmente à diminuição da natalidade e à redução da mortalidade devido aos avanços tecnológicos da medicina que sem dúvida, é uma das maiores conquistas sociais do século XX.
Em apenas quarenta anos, o número de idosos brasileiros quintuplicou, passando de 3 milhões em 1960 para 14 milhões em 2010, número esse que poderá alcançar 32 milhões em 2020, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  É possível que alcancemos o patamar aproximado dos 80 anos daqui mais uma década.
Até 2025, segundo a OMS, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos. Em todo o mundo, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais está crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária.
As representações sociais da velhice estão fortemente associadas às doenças, limitações, dependência, improdutividade, nostalgia, depressão, num mundo marcado pela exacerbação do narcisismo balizada no culto ao corpo, com ênfase no desempenho,  bem como, a busca incessante de prazer e satisfação o hedonismo. O corpo como objeto deve ser esculpido a qualquer custo mediante recursos como: musculação, cirurgias plástica, próteses, implantes de silicone, regimes e dietas balanceadas, suplementos vitamínicos, anabolizantes, rejuvenescimento, etc. Em virtude deste contexto, o imaginário social do idoso antes associado a perdas que levam a ruptura e ao isolamento, não faz mais sentido.
Estatísticas alertam para uma alteração importante no perfil da população brasileira e conseqüentemente o interesse do mercado por essa faixa da população. É lógico que, se do ponto de vista do indivíduo que vai viver mais, o fato deva ser comemorado, não podemos ignorar que o fenômeno tem suas implicações sociais. Este é um desafio que diz respeito a toda coletividade.
Atualmente o idoso está passando por processos de transformações, tornando-se mais vaidoso, preocupado com a saúde e hábitos saudáveis. A constituição dessa nova imagem não é realizada ao acaso e sem propósito. Uma indústria inteiramente voltada para este gênero vem sendo montada e expandida com a ajuda do apelo midiático e a adoção de um novo estilo de vida para os idosos. Na atualidade, novos estilos estão sendo propostos associados à idéia de que “só é velho quem quer”. É preciso ficar atento com exageros e distorções.
O mundo mudou, porém as situações físicas, psicológicas e comportamentais dos idosos, os recursos para manter a saúde e qualidade de vida, não acompanharam essa evolução, não sendo, ainda condição acessível a todos.
Manter a autonomia e independência durante o processo de envelhecimento é fator fundamental para a sobrevivência de indivíduos nessa faixa etária. Além disto, o envelhecimento ocorre dentro de um contexto que envolve outras pessoas – amigos, colegas de trabalho, vizinhos e membros da família, Igreja. Esta é a razão pela qual interdependência e solidariedade entre gerações (uma via de mão-dupla, com indivíduos jovens e velhos, onde se dá e se recebe) são princípios relevantes para o envelhecimento ativo e para a qualidade de vida, educação e prevenção das futuras gerações.
Os fatores psicológicos, que incluem a inteligência e capacidade cognitiva (por exemplo, a capacidade de resolver problemas e de se adaptar a mudanças e perdas), são indícios fortes de envelhecimento ativo e longevidade (Smits e cols., 1999). Durante o processo de envelhecimento normal, algumas capacidades cognitivas (inclusive a rapidez de aprendizagem e memória) diminuem, naturalmente, com a idade. Entretanto, essas perdas podem ser compensadas por ganhos em sabedoria, conhecimento e experiência. Freqüentemente, o declínio no funcionamento cognitivo é provocado pelo desuso (falta de prática), doenças (como depressão), fatores comportamentais (como consumo de álcool e medicamentos), fatores psicológicos (por exemplo, falta de motivação, de confiança e baixas expectativas), e fatores sociais (como a - solidão e o isolamento), mais do que o envelhecimento em si.
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                                   Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                                     Psicóloga Clínica

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