quarta-feira, outubro 31, 2012

O homem se produz e reproduz pelo trabalho





Segundo Rodrigues et all 2005, o trabalho é o principal regulador da vida, já que o sujeito organiza seus horários, relacionamentos familiares e sociais em função deste. Neste contexto, a aposentadoria, por representar a ruptura com o papel profissional formal, ao invés de ser vivenciada como um repouso merecido, pode se tornar uma ameaça para o equilíbrio psicológico. Quando nos apresentamos a alguém nosso trabalho é um importante elemento da nossa identidade.
O trabalho ocupa um importante espaço na vida humana. As pessoas vivem em função de sua atividade profissional, tanto que uma pergunta comum quando se é apresentado uma pessoa é “Onde você trabalha?” ou “O que você faz?”
Vivendo em uma cultura que desvaloriza o trabalho, pois este é pensado como esforço, renúncia, cansaço e exploração, a possibilidade de deixar de trabalhar parece ser o grande e único caminho da liberdade tão desejada após anos de labuta.
Com visão tão negativa e pessimista sobre o trabalho, o não-trabalho ganha notoriedade e sentidos positivos; não trabalhar significa ser livre, autônomo, dono da própria vontade e “senhor de seu próprio tempo”. Acredita-se que o não trabalho liberta o homem dos “castigos” impostos pela obrigatoriedade no cumprimento de horários, expedientes, pontos e de toda a rotina estafante associada ao trabalho; Assim, muitos trabalham sem nenhum sentimento de prazer no trabalho que exerce, contando dias e horas para a tão esperada aposentadoria. No entanto, é comum que depois de se aposentar algumas pessoas sintam-se perdidas, sem saber o que fazer.
A falta de atividades e o tempo ocioso podem trazer incômodo, vergonha e constrangimento para quem teve uma vida produtiva podendo levar à depressão, isolamento, solidão e a outros sintomas associados. 
Cavalcanti (1995) afirmou que o trabalho muitas vezes representa “realização pessoal, elevando a auto-estima do sujeito devido reconhecimento social e à auto-imagem positiva originada a partir de bom desempenho profissional”.
O afastamento do trabalho provocado pela aposentadoria talvez seja uma das perdas mais relevantes na vida das pessoas. Além de perdas materiais que geralmente ocorrem em função da diminuição da renda, há perdas sociais e psicológicas importantes que podem afetar a saúde física e mental do aposentado. O trabalho é bem mais que simples ganha-pão; o trabalho é elemento fundamental na constituição da identidade humana (Codo, Sampaio & Hitomi, 1993; Codo & Sampaio, 1995). Com a aposentadoria, o indivíduo perde a rotina de trabalho; a identidade de trabalhador e afasta-se do convívio dos colegas. Muitos se preparam para a aposentadoria e logo encontram um substituto para o trabalho. Porém, para grande parte dos aposentados, o que ocorre é que nos primeiros meses há uma sensação gostosa de férias. Depois, vem o sentimento de vazio; de inutilidade, solidão e algumas vezes a depressão (Pacheco, 2002). Você acorda de manhã e já não tem mais para onde ir, acabou seu compromisso, não tem mais obrigações, já não sabe o que fazer. Você já não é mais o professor, o mecânico ou enfermeira. Aos poucos vai perdendo o reconhecimento social pelo profissional que foi um dia e perde também o reconhecimento de si próprio. É com essa sensação que o aposentado precisa lidar agora.
Os aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais são dimensões inter-relacionadas, devendo haver integração, equilíbrio e harmonia entre elas.
A aposentadoria é um período de reestruturação da vida e de valores. É neste período de mudanças extremas que familiares e amigos são de grande importância. Neste momento retoma-se a vida pessoal deixada de lado ou para trás; bom relacionamento entre casais, filhos, amigos fora do ambiente de trabalho. Normalmente os trabalhadores são tão absorvidos pelo trabalho que acabam deixando suas famílias e amigos. O momento de aposentadoria pode ser o momento de reflexão e retomada desses vínculos. É preciso se preparar para a aposentadoria e caso já tenha se aposentado ainda há o recurso de buscar ajuda para torna essa opção uma condição saudável.
A Psicoterapia é um lugar de encontro e de construção: encontro consigo mesmo, no desvelamento de novas possibilidades de realização de seu viver e construção de uma maneira nova de encarar as diversas situações experienciadas em seu cotidiano. 

        Profa Dra Edna Paciência Vietta
                   Psicóloga Clínica

sábado, outubro 20, 2012

Infoxicação: o que é isso?


Infoxiçação : o que é isso?

            Infoxicação foi o termo escolhido pelo físico Alfons Cornellá, para designar a relação entre Informação e Intoxicação, um neologismo para explicar a dificuldade em digerir o excesso de informação, um mal da era digital. Outros conceitos relacionados com tal excesso são hoje conhecidos como Hiperconectividade, Infonomia (mania de buscar informação), Estresses de informação, Síndrome da Fadiga Informativa. Ainda podemos incluir nesta lista outros neologismos como Tecnoestresse: incidência de sintomas de estresse por profissionais que se utilizam de tecnologias; mais precisamente, inconveniência moderna causada pela inabilidade de conviver com as novas tecnologias do computador”, Tecnodependência, também conhecida por Tecnósis são termos utilizados para designar viciados em tecnologias. Técnofobia pessoas que recusam os avanços tecnológicos ao considerar que prejudicarão à sociedade. A Tecnofobia,  descreve ainda, todo e qualquer sentimento de medo, ansiedade ou sofrimento frente a uma ou várias formas de tecnologia. Esse mal-estar físico e mental está na base do Tecnoestresse.
Tecnoestresse é causado pelo uso excessivo da tecnologia e provoca dificuldade de concentração e ansiedade. O jovem tecnoestressado também pode tornar-se agressivo ao ficar longe do computador. Pesquisas já associam overdose de tecnologia com problemas neurológicos e psiquiátricos e alguns resultados levam a crer que estão aumentando os casos de doenças relacionadas ao isolamento, e a depressão é a que mais cresce. Neurologistas também dizem haver uma incidência maior do Transtorno de Deficit de Atenção entre adolescentes aficionados por computador.
O Tecnofóbico considera que algo de ruim pode acontecer ao se familiarizar com os novos avanços e não reconhece a necessidade de operá-los, nem de acrescentá-los à humanidade, pensa que antes as coisas eram resolvidas da mesma forma e que a tecnologia pode escravizar o homem.
Reconhecemos como Tecnofílicos àqueles que organizam sua vida ao redor de novas tecnologias e acham que sem elas não é possível ter uma vida social de sucesso. Vivem pendentes da comunicação e dos diferentes modelos que se incorporam ao mercado.
Assim as abordagens sobre as relações entre tecnologia e sociedade tendem a cair em duas posições extremas: Tecnofilia e Tecnofobia. A primeira vê a tecnologia como um elemento ruim que está colocando a sociedade em um processo de desumanização, não reconhecendo qualquer benefício que isto possa trazer a vida humana. A Tecnofilia tem uma posição oposta, vendo nos avanços tecnológicos as soluções e o meio ideal de melhorar o desempenho em diferentes tipos de atividades.
Não há como negar o fato de que a tecnologia abriu portas, expandiu horizontes intelectuais e proporcionou oportunidades antes impossíveis para crianças e jovens.
Assim, quando usada corretamente, “a internet educa pessoas em locais isolados, promove a comunicação ao redor do mundo, cria novos mercados e aumenta a conscientização dos jovens sobre questões globais, forçando-os a considerar problemas maiores do que os seus próprios", palavras de Cajetan Luna, diretor do Center for Health Justice de Los Angeles.
Vale a pena incluir, também, outro tipo de conduta relacionada às já mencionadas e que define os que temem a tecnologia por desinformação, isto é, aqueles que se sentem inferiores por não saberem manejá-las com destreza: os “analfabetos tecnológicos“, que na maioria das vezes encontram-se nesta condição pela impossibilidade ou falta de acesso às novas tecnologias ou mesmo pela falta de condições e preparo para utilizá-los.
A Psicologia defende que é preciso ensinar aos jovens que o acesso à rede exige cidadania, cuidado, ética e responsabilidade.
Alguém poderia dizer trata-se de modismo ou tendência em ver doença onde não existe. Deste ponto de vista podemos dizer não haver reconhecimento, pelo menos por enquanto, de tais doenças, senão síndromes para identificá-las e enquadrá-las em conjunto de sintomas. Visto desta forma é possível enquadrá-las em algumas patologias e tratá-las efetivamente através de abordagens psicológicas ou medicamentosas como exemplo, na diminuição de ansiedade, depressão, angústia, frustração, compulsão, etc.

                Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                        Psicóloga Clínica

domingo, outubro 07, 2012

Extrovertido ou Introvertido?








Extrovertido ou Introvertido?



Conhecido como um dos maiores psicólogos do século XX e um dos que mais estudou a personalidade humana, Carl Gustav Jung, distinguiu duas formas de atitudes/disposição das pessoas em relação a convivência entre pessoas: aquelas que preferem focar a sua atenção no mundo externo, nos fatos e nas pessoas, e aquelas voltadas para o mundo interno de representações e impressões psíquicas. Cada um desses tipos de disposição representa a preferência natural do indivíduo no seu modo de se relacionar com o mundo. Assim, ambos os tipos introvertidos e extrovertido revelam que as pessoas diante dos eventos da vida podem apresentar duas condições: “uma tendência à reflexão (introvertido); e outra a de mobilização ou ação (extrovertido).”
Grosso modo, pessoas extrovertidas, são mais animadas, mais barulhentas e comunicativas, enquanto as introvertidas são mais retraídas, mais discretas e pensativas. É lógico que entre esses dois extremos existem gradações e nosso lugar nesse contínuo determina como fazemos nossas escolhas, como nos relacionamos, a forma como resolvemos nossas diferenças, como enfrentamos nossos conflitos, como demonstramos nossos afetos.
Na prática os extrovertidos são pessoas que se sentem bem na convivência com muitas pessoas, enquanto os introvertidos, não parecem ter necessidade de conviver com muitas pessoas, evitando, até mesmo, ou algumas vezes, estabelecer contatos. Não são necessariamente tímidos, pois tem a habilidade de conversar e auto-estima necessária para interagir com as outras pessoas, porém optam por ficarem mais sós.
Na verdade temos um pouco de cada uma dessas características com predomínio de uma delas. Não há como sermos todos extrovertido ou todos introvertidos o tempo todo, nem considerar que um tipo seja melhor que outro, ambos têm suas vantagens e desvantagens.
Outrossim, vale dizer que uma personalidade sã é flexível e pode adaptar-se ao contexto, num equilíbrio que permite ao sujeito responder aos estímulos externos sem conflitos.
É importante dizer que essas duas características por si só não define ninguém, muitas outras se somam a elas para se definir uma personalidade.  
Atualmente, introversão e extroversão são dois dos aspectos mais pesquisados na psicologia da personalidade, despertando a curiosidade de centenas de cientistas.
Vivemos numa sociedade que valoriza as pessoas populares, alegres, comunicativas, esfuziantes, os palradores e, despreza os que coram, gaguejam, suam nas mãos. Refiro-me, aqueles que, de algum modo tentam influenciar ou até mesmo condicionar condutas (como, por exemplo, a mídia), que incentiva às massas a interagirem o tempo todo, como sendo o único comportamento socialmente desejável.
A Introspecção e a quietude têm sido combatidas desde a infância. Muitos chegam a associá-las ao fracasso. Desse modo, o mercado de trabalho, tende a exigir de seus funcionários um ideal de extroversão, ou seja, é preciso ser falante, expansivo, alegre para ser considerado um bom candidato em seleções de Rh. Os "quietos", muitas vezes, são malvistos. Na verdade, as empresas devem ter seus perfis, de acordo com os cargos e funções desejados, não necessariamente extrovertido. O importante é ser original, é ser o que se é, e não forçar para se adequar ao perfil desejado e depois não conseguir manter-se nele. Essa forma forçada de enquadramento não é boa, nem para a empresa que contrata, nem para o candidato que pleiteia a vaga.
Os introvertidos não têm a exuberância social e os níveis de atividade dos extrovertidos. Eles tendem a parecer calmos, ponderados e menos envolvidos com o mundo social. No entanto, a sua falta de envolvimento social não deve ser interpretada como timidez ou depressão. Os introvertidos simplesmente necessitam de menos estimulação e de mais tempo sozinhos do que os extrovertidos. Eles podem ser bastante ativos e enérgicos, mas não socialmente. Porém, podem, não necessariamente, estar propensos a evitar contatos, tornarem tímidos ou isolados e a perder oportunidades.
No entanto, isso nem sempre corresponde à realidade se pensarmos em personalidades do tipo Barack Obama, Steven Spielberg, Bill Gates, para os quais não parece ter sido empecilho, o fato de serem personalidades introvertidas.

            Profa. Dra Edna Paciência Vietta
                            Psicóloga Clínica

terça-feira, outubro 02, 2012

Doença de Alzheimer

Doença de Alzheimer

Doença de Alzheimer é uma doença irreversível e progressiva do cérebro que lentamente destrói a memória, as habilidades de pensamento e, eventualmente, até mesmo a capacidade de realizar as tarefas mais simples. Na maioria das pessoas com doença de Alzheimer, os primeiros sintomas aparecem depois de 55 anos de idade.  A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência entre pessoas idosas. 
Demência é a perda do funcionamento cognitivo (lembrança, raciocínio e habilidades comportamentais), a tal ponto que interfere com a vida diária de uma pessoa e atividades. Há certo grau de demência que vai do nível mais brando, quando a doença apenas começa afetar o funcionamento de uma pessoa, para o estágio mais grave, quando a pessoa passa depender totalmente de outros para desempenhar atividades básicas da vida diária.
A doença de Alzheimer recebeu o nome do Dr. Alois Alzheimer, seu descobridor, quando este em 1906, notou mudanças no tecido cerebral de uma mulher que tinha morrido de uma doença mental incomum. Seus sintomas incluem perda de memória, problemas de linguagem e comportamento imprevisível. Depois que ela morreu, ele examinou seu cérebro e encontrou muitos aglomerados anormais (conhecidas hoje por placas amilóides) e feixes de fibras emaranhadas (hoje conhecidos por (emaranhados neurofibrilares). Placas e emaranhados no cérebro são duas das principais características da doença de Alzheimer. A terceira é a perda de conexões entre as células nervosas (neurônios) no cérebro.
Os aspectos neurocomportamentais da demência clássica do tipo Alzheimer incluem o comprometimento da memória, distúrbios de linguagem (afasia), déficits visuais e espaciais, comprometimento da capacidade de fazer cálculos e abstrações. Os distúrbios de outras funções do córtex cerebral como a agnosia (incapacidade de realizar uma tarefa motora na ausência de perda sensorial, hemiparesia ou dificuldade de compreensão) podem ser observados.
As alterações na personalidade são um achado precoce e freqüente na doença de Alzheimer. Os pacientes se tornam cada vez mais passivos, mais agressivos na demonstração de emoções e menos espontâneos. Alguns destes sintomas podem imitar uma depressão, mas ocorrem com mais freqüência na ausência de um estado de humor depressivo óbvio, ou pensamentos de invalidez, incompetência ou culpa. Em 40 a 50% dos pacientes, o estado de humor depressivo pode ser evidente em algum momento durante o curso da doença.
Outras dificuldades relacionadas ao comportamento incluem inquietação motora, agitação, "viscosidade" (o paciente segue a pessoa que cuida dele a todos os lugares), reações catastróficas, agressividade, perambulações e insônia.
Embora, ainda, não seja totalmente conhecido o processo da doença de Alzheimer, parece provável que os danos ao cérebro começa à uma década ou mais antes que os problemas se tornam evidentes. 
Problemas de memória são tipicamente um dos primeiros sinais de aviso de perda cognitiva. Algumas pessoas com problemas de memória têm uma condição chamada comprometimento cognitivo leve amnésico, pessoas com esta condição têm mais problemas de memória do que o normal para as pessoas de sua idade, mas seus sintomas não são tão graves como aqueles vistos em pessoas com doença de Alzheimer. A capacidade da pessoa com comprometimento desse tipo não é significativamente prejudicada em suas atividades normais diárias. 
No entanto, em pessoas mais idosas esse comprometimento, pode desenvolver a doença de Alzheimer.
Constata-se que as perdas nas habilidades cognitivas usualmente atribuídas à idade podem ser evitadas, adiadas ou mesmo revertidas, quando se trata do envelhecimento normal (sem demência). A estimulação adequada e continuada permite manter níveis de desempenho bem pouco diferentes dos adultos mais jovens.
Investigações sugerem que grande número de fatores que escapam à genética básica pode ter significativa influência no desenvolvimento e evolução da doença de Alzheimer. Há interesse, em se pesquisar associações entre declínio cognitivo, doenças vasculares e metabólicas, tais como doença cardíaca, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial, diabetes, obesidade e estilo de vida. Compreender essas relações e testá-las em ensaios clínicos nos ajudará a entender e reduzir fatores de risco.
Até algumas décadas atrás os cientistas eram pessimistas a respeito das chances de se encontrar tratamento eficaz para o Alzheimer. Sabia-se muito pouco sobre a biologia da doença, e acreditava-se que suas origens e sua progressão eram irremediavelmente complexas. Recentemente, contudo, pesquisadores avançaram na compreensão dos eventos moleculares que parecem desencadear a enfermidade, e exploram agora diversas estratégias para desacelerar ou conter seus processos destrutivos.
 Hoje, cientistas pesquisam tratamentos capazes de impedir o surgimento da doença e até mesmo formas de previnir seus efeitos nocivos.
Enquanto isso, uma dieta nutritiva, atividade física, engajamento social, e atividades cerebrais estimulantes podem ajudar as pessoas a permanecer saudáveis ​​enquanto envelhecem.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
             Psicóloga Clínica