domingo, dezembro 28, 2014



Ciúmes Patológico


                                                      CIÚMES PATOLÓGICO

                                                                             

                 O ciúme patológico é provocado por delírios de traição por parte do parceiro. Nenhum tipo de prova em contrário convence o enciumado de que o parceiro não o está traindo. Cada suspeita desconfirmada só tranqüiliza por pouco tempo. Logo em seguida aparece outra suspeita e novas crises de ciúmes.
Dependendo do grau que atinge pode tornar-se obsessão. Em Otelo (de Shakespeare) temos um exemplo clássico da atitude inadequada diante desse sentimento, onde o ciúme supera a razão, e suas conseqüências trágicas. Otelo é convencido por um amigo, de que Desdêmona, sua esposa, o estaria traindo. Cego de ciúmes mata a esposa. Depois de matá-la, acaba descobrindo seu engano e então, culpado, suicida. É difícil se considerar ciúmes, um sentimento bom ou normal.
A vida de quem tem este tipo de ciúme e a de seu parceiro se transforma em um inferno. A insegurança de que o parceiro está traindo é constante. Todas as atividades da vida diária podem ser prejudicadas pelas perturbações decorrentes do ciúme. O enciumado não consegue se concentrar em mais nada. Tudo fica subordinado aos seus sentimentos de ciúme. O sono fica prejudicado, o parceiro é submetido à vigilância continua – a sua privacidade é invadida de todas a formas – outras atividades importantes podem ser interrompidas para que a vigilância do parceiro possa ser exercida. Este tipo de distúrbio requer tratamento especializado.
A grande maioria das pessoas não gosta de sentir ciúme. As reações de pessoas que são objeto de ciúme moderado vão desde sentir-se amado e ficar lisonjeado até não suportar ser objeto deste sentimento. As pessoas que não gostam de ser objeto de ciúme sentem-se acuadas, tolhidas e desrespeitadas quando isto acontece.
A forma de agir daqueles que sentem ciúme também varia muito. Por exemplo, algumas pessoas escondem este sentimento, enquanto outras se tornam agressivas e apresentam ameaças e/ou represálias.
O ciúme exagerado pode ser causado por pelo menos um dos seguintes motivos:
(1) Sentir afeto do tipo compulsivo (são pessoas possessivas e inseguras) possuir um apego ansioso-ambivalente (típico dos que receberam cuidados inadequados na infância), carência afetiva, rejeição ou superproteção, ausência de um dos genitores, violência, adotivos, etc.
(2) Ter sido traído em relacionamentos anteriores: “Gato escaldado tem medo de água fria”. pessoas mal resolvidas, neuróticas, etc
(3) Crenças disfuncionais do tipo “homem nenhum presta” ou “não se pode confiar nos homens”, “as mulheres são fracas ou perigosas”; durante a infância e adolescência presenciar conflitos e brigas freqüentes entre os pais, com ou sem acusação de traição.
O ciúme é um dos elementos mais complicadores no relacionamento afetivo e tem como causa uma insegurança externa ou interna. Ou a própria pessoa é insegura consigo mesma ou o(a) parceiro (a), de alguma forma, dá consciente ou inconscientemente motivos para insegurança.
Se o seu ciúme está prejudicando o seu relacionamento, verifique se ele é legítimo. Caso não esteja conseguindo controlar seu ciúme procure ajuda profissional. O ciúme quando incomoda e atrapalha deve ser tratado para não se tornar patológico.
Profa Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga Clínica

terça-feira, dezembro 09, 2014

Estresse: na perspectiva do mundo pós-moderno.




                      Estresse: na perspectiva do mundo pós-moderno.                                     
O ser humano sempre teve que assegurar sua própria sobrevivência, lutando ou fugindo dos perigos iminentes. Nos primórdios da humanidade o ser humano lutava contra os predadores e os perigos provocados por eventos da natureza: tempestades, furacões, e outros acontecimentos imprevistos. Na vida moderna nossa sobrevivência continua sendo uma luta diária.
O mundo muda ao longo dos séculos, embora semelhantes, as causas do estresse continuam as mesmas, persistindo como condição de enfrentamento intrínseco e natural da humanidade. O bombardeio de informações, a violência urbana, as drogas, as desigualdades sociais, as doenças, os conflitos, as guerras, tudo leva ao universo do estresse. Até bem pouco tempo, a humanidade vivia sem o recurso do fax, do telefone celular, do computador, da internet. De repente, o homem se dá conta das transformações ocorridas e se surpreende a cada dia, tendo que se adaptar às novas condições de vida. Há uma maior exigência interna e externa para a adaptação do ser humano às condições da vida atual.
A necessidade de conseguir mais dinheiro, atingir níveis de conforto e status social elevado, conquistar e manter-se num bom emprego, prover a família com ben s materiais estimulado pela mídia, competir por melhores oportunidades profissionais, viver a maior parte do dia no trabalho e longe da família, alimentar-se de forma irregular e desequilibrada são apenas alguns fatores que certamente colaboram para o estresse no mundo contemporâneo.
A evolução tecnológica e científica mudou também o estilo de vida do homem moderno, impondo-lhe novas atitudes e comportamentos. Difícil é saber até que ponto e, em que sentido esta evolução contribuiu para melhorar ou piorar a qualidade de vida do homem na terra, embora se cogite que, dificuldades ou aspectos negativos possam ocorrer por conta da forma como o homem se utiliza destas conquistas.
De outra perspectiva, sem nenhum pessimismo, mas numa visão crítica, sabe-se que o crescimento econômico, alicerçado no consumismo e na competição desenfreada gerou muitas frustrações, fracassos, mal-estar social, vazio existencial, enquanto o sofrimento humano gerou na pós-modernidade novas formas de patologias psíquicas de âmbito mundial; a Anorexia Nervosa, a Bulimia, as Fobias, o Pânico, Alzheimer, só para citar algumas. A compulsão por compras, por exemplo, tornou-se uma forma de completude entre a ameaça do esvaziamento interior, a falta de sentido de vida, a angústia, a depressão, enquanto a competição gerou insegurança, medos, fobias, dependências, alcoolismo.
A sobrecarga de agentes estressores pode ser considerada importante fator para o mal-estar da civilização moderna. Essa sobrecarga é um estado no qual as exigências do ambiente excedem às nossas capacidades de adaptação. Acresce-se ainda, a urgência de tempo para execução de tarefas, responsabilidades e preocupações excessivas além dos problemas do dia-a-dia, também assoberbados pela vida moderna. Estes últimos, relacionados à falta de segurança e estabilidade, com repercussão nas relações familiares, educação dos filhos (preocupação com violência e drogas) e a falta de descanso e lazer. A falta de estímulo, o sentimento de inutilidade, a falta de sentido de vida, a solidão, o isolamento, a rotina, também podem resultar em estresse.
O estresse não se manifesta com a mesma intensidade para todas as pessoas, ele se instala com manifestações que podem variar de leves, moderadas ou intensas, dependendo do tipo, intensidade, freqüência da exposição ao fator estressante e das diferenças individuais.
Para que um evento se torne estressante é necessário que o mesmo, seja percebido como tal. Assim, o modo de ser de uma pessoa, seu estilo de vida, suas crenças e valores, seus hábitos, sua personalidade, interferem na eclosão e intensidade do estresse.
Dependendo da intensidade, o estresse pode causar grande sofrimento e provocar desgaste físico e mental, deterioração e envelhecimento precoce, interferir na imunidade do organismo predispondo-o a doenças ou agravando condições de enfermidades já instaladas.
Perturbações psicossomáticas, desencadeadas nestas condições como, enxaqueca, fibromialgia, hipertensão essencial, úlcera duodenal, obesidade, artrite reumatóide, doença coronariana, e outros sintomas como: diarréia, taquicardia, falta de ar, cansaço, insônia, dificuldades de concentração, dificuldades sexuais, podem ser consideradas como produtos deste fantasma do mundo moderno, quando avaliações médicas criteriosas e exames clínicos, não forem suficientes para determinar sua etiologia.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica