sexta-feira, janeiro 25, 2013

Efeitos das práticas religiosas sobre a saúde física e mental



                              Efeitos das práticas religiosas sobre a saúde física 
   
       Vários autores têm estudado a religiosidade nas suas relações com o sofrimento individual e os transtornos mentais.
 MacCullou define uma pessoa religiosa como aquela que possui crenças religiosas e que valoriza, em alguma medida, a religião como instituição. Já uma pessoa espiritualizada é aquela que acredita, valoriza ou tem devoção a algum poder considerado superior, mas não necessariamente possui crença religiosa ou é devoto de alguma religião institucionalizada.
 De acordo com Spilka e MacIntosch, a conceituação de religiosidade inclui aspectos individuais e institucionais, enquanto a religiosidade (adesão à crença e a práticas relativas a uma igreja ou instituição organizada) está ligada a atributos de uma dada religião, a espiritualidade é a relação estabelecida por uma pessoa com um ser ou força superior ou sagrado na qual ela acredita.
 De um modo geral a espiritualidade, está presente na vida de todo ser humano, ocupando um espaço importante, capaz de ajudá-lo a encontrar respostas para diversas situações que, às vezes, parece impossíveis, como o caso de doenças incuráveis.
Estudos realizados em diferentes contextos sócio-culturais têm demonstrado que a espiritualidade tem relação com o comportamento e a predisposição ao vício. A experiência religiosa é fundamental na vida de todo ser humano, implicando uma conversão que leva o indivíduo a centrar-se na vida religiosa para então, ou só então, se tornar um ser completo.
Até pouco tempo, a psiquiatria tendia a ignorar ou considerar como doença certos comportamentos religiosos e espirituais. Sabe-se, hoje, que a prática de princípios religiosos como o perdão, a compaixão, a fé, a esperança, entre outros, “acalmam” os nervos, por liberar hormônios como acetilcolina, endorfina, serotonina, etc.
A visão negativa das experiências religiosas deu origem a atitudes discriminatórias por parte da comunidade psiquiátrica brasileira, principalmente com relação a certas religiões. Até os anos 70 pensava-se que a pessoa menos religiosa era mais saudável, mas não havia estudos que usavam metodologia científica para provar isso.
Entender, pois, a complexidade da mente e os efeitos das práticas religiosas sobre a população é hoje um dos grandes desafios dos pesquisadores.
Estudos científicos recentes têm demonstrado que os praticantes ativos de uma crença podem obter benefícios físicos e mentais, entre eles, sistema imunológico mais resistente e menor propensão a certas doenças. Entre os efeitos negativos estariam o fanatismo religioso e a autopunição, ou seja, acreditar que doença teria sido enviada como um castigo de Deus. Cientistas da Duke University sugeriram que há a possibilidade de que envolvimentos religiosos possam afetar positivamente a saúde física através de mecanismos neuroendócrinos e imunes, ou seja, a fé religiosa produziria efeitos no sistema nervoso, em glândulas e no sistema imune humano.
Pesquisas demográficas registram que 99% dos adultos brasileiros declaram acreditar em Deus. Portanto, o desafio para os profissionais, no século atual, é o entendimento das bases psicológicas das crenças, experiências e comportamentos religiosos, com vistas a ampliar este conhecimento em prol da saúde e do bem-estar do ser humano.
Apesar de serem desenvolvidas há algumas décadas em outros países, como os Estados Unidos, no Brasil as pesquisas sobre esse tema ainda estão no início, mas já aparecem principalmente nas universidades públicas: Unifesp, Unicamp, Unesp, Universidade Federal do Ceará entre outras.
Religiosidade/espiritualidade fortalece o sentido de vida e o estabelecimento de projetos vitais e é uma dimensão importante no enfrentamento de situações adversas. Embora também se possa considerar algumas formas de religiosidade patológica que enfatizam a fuga da realidade, o fanatismo ou acirramento de conflitos entre culturas, ou ainda, a associação da religião com efeitos negativos como culpa, ansiedade, intolerância, depressão, rigidez cognitiva e excessiva dependência.
                  Dra. Edna Paciência Vietta
                            Psicóloga Clínica

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