Há mais de um século tem se usado
o termo borderline, para designar um
grupo de pacientes que se caracteriza, basicamente, por apresentar uma
alteração mental, patológica, fronteiriça entre a neurose e a psicose.
O termo
"borderline" (limítrofe) deriva da classificação de Adolph Stern, que
descreveu esta doença, na década de 1930, como um Transtorno de Personalidade
que se situa entre neurose e psicose. O termo carece de maior especificidade daí
existir um debate atual com objetivo de renomeá-la.
Pessoas
com personalidade limítrofe podem possuir sintomas psiquiátricos diversos, como
problemas de identidade e humor instável e reativo, sensações de
irrealidade e despersonalização. São pessoas com tendência a comportamento
briguento, podendo transformar pequenos problemas em causas extremas
(envolvendo autoridades), são impulsivas, sobretudo, autodestrutivas, manipuladoras,
podendo apresentar ideação suicida e sentimentos crônicos de vazio e
tédio. São exigentes em termos de atenção, e por estarem em freqüentes
situações de embates, costumam provocar conflitos, fazer falsas acusações e
apresentar comportamento egoísta (narcisista). São vistas como
"rebeldes", "problemáticas", geniosas e temperamentais.
Os sintomas
aparecem durante a adolescência e se
concretizam nos primeiros anos da fase adulta (em torno dos 20 anos), podendo persistir
por toda a vida. A fase inicial pode ser desafiadora para o paciente, seus
familiares e terapeutas, porém na maioria dos casos a severidade do transtorno
diminui com o tempo. Por ser mais evidente na adolescência costuma ser
confundida com rebeldia ou descontrole próprio da idade o que leva a família a
não se dar conta de estar diante de um distúrbio grave.
Os
sintomas mais presentes (nem todos Borderline apresentam todos estes sintomas)
são: medo de
ser abandonado: necessidade de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas e sem apoio
(para estes pacientes a idéia
de ficarem sozinhos é torturante), dificuldade de administrarem
emoções, atitudes imaturas e inconseqüentes podendo serem confundidos com
delinqüentes, coisa que não são. O Borderline, ora é independente e aparentemente seguro, ora é
simpático, fragilizado e dependente, porém, seus sentimentos podem variar do amor ao ódio profundo, rapidamente.
Apresentam instabilidade de humor diferente do
Transtorno Bipolar. Enquanto as oscilações deste último duram semanas ou
meses, as dos Borderline duram minutos, horas, dias. Essas oscilações de humor
são rápidas e incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, ciúme
patológico, hetero e auto-agressividade. Por exemplo: uma paciente liga para o
consultório pedindo ajuda, desesperada, dizendo estar muito deprimida, que a
vida perdeu o sentido e comparece à sessão horas depois, bem humorada, de bem
com a vida,
O Borderline apresenta
comportamento autodestrutivo (se machuca, se corta, se queima, se arrisca) e
quando indagados sobre as causas de tais acidentes informam que assim o fazem para
satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor, ou por sentir que a dor
no corpo "é melhor que a dor na alma". As tentativas de suicídio,
mais freqüentemente são as de impulso, não planejadas. Estes pacientes possuem
baixa auto-estima, se sentem desvalorizados e incompreendidos. Desenvolvem
admiração e desencanto afetivo por alguém muito rapidamente. Pequenas rejeições
provocam grandes emoções. Menos freqüentes são os episódios psicóticos, que podem
acontecer em situações específicas quando se sentirem observados, perseguidos,
assediados, etc.
O Borderline corre risco
aumentado de fazer compras compulsivas, praticar sexo de risco, comer compulsivamente,
aderir a Bulimia, Anorexia, desenvolver Depressão, Distúrbios de Ansiedade,
Abuso de substâncias, Transtorno Afetivo Bipolar e outros Transtornos de
Personalidade.
A causa
provável é uma combinação de vivências traumáticas (reais ou imaginadas) na infância, por exemplo, abuso psicológico,
sexual, negligência, abandono, terror psicológico ou físico, separação dos
pais, orfandade, vulnerabilidade individual, estresse ambiental. É importante
saber tratar-se de condição grave que necessita tratamento intenso e contínuo.
São
fatores de bom prognóstico: bons relacionamentos familiares, sociais, afetivos,
profissionais, participação em atividades comunitárias: igrejas, clubes,
associações culturais, artísticas, baixa ou ausência de auto-agressão, baixa ou
ausente freqüência de tentativas de suicídio, ser casado, ter filhos, não ser
promíscuo.
O tratamento
indicado é a associação de Medicamento e Psicoterapia.
A boa notícia é que o Borderline
pode ser tratado. O tratamento inclui medicamentos, terapia e o apoio de
familiares. “Os sintomas diminuem com a idade e podem até desaparecer
completamente entre os 30 e 40 anos”.
Prova. Dra Edna Paciência Vietta
Psicóloga Clínica.
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