Psoríase:
pele e emoção
A pele é altamente sensível
às emoções, em virtude das ligações existentes entre ela e o sistema nervoso.
Ambos possuem a mesma origem embriológica. Ambos
derivam do ectoderma, o folheto externo do embrião, que, na sua evolução,
dobra-se sobre si mesmo formando um tubo, chamado tubo neural. A parte
que fica por fora vai formar a pele e a parte interna vai desenvolver o sistema
nervoso. Portanto, desde o início, a
pele está em ligação direta com o sistema nervoso, enviando-lhe constantemente informações sobre o meio
externo.
Ao nascer, a pele é o maior
órgão de percepção. Ela registra as mudanças do quente e aconchegante corpo
materno, para o frio e áspero mundo externo. Assim, a pele se torna o meio de
contato físico e de resposta de uma gama de emoções que a criança vivencia,
seja de bem estar ou de angústia.
A pele é também, um órgão de
comunicação e, portanto, uma
das formas do indivíduo expressar insatisfação, mal-estar ou desconforto por
meio da somatização. Ela é o espelho do funcionamento do organismo ao
refletir e interpretar: sua cor, textura, umidade, secura, sensações de frio,
calor e, no toque o prazer e o desprazer com repercussões no estado psicológico
e fisiológico.
Os quadros psíquicos
principais nas dermatoses são ansiedade, depressão e sintomas
obsessivo-compulsivos, que podem ser discretos, não caracterizando doenças, mas
influenciando a evolução da dermatose.
A conexão entre a pele, o sistema
psíquico e as doenças psicossomáticas é abordada pela dermatologia integrativa.
Grande tem sido a contribuição da psicologia para ampliar os conhecimentos
sobre o estado psíquico dos doentes dermatológicos, sobretudo através da
psicoterapia numa abordagem cognitivo-comportamental.
Já não há mais como negar a interação
entre o corpo e a mente. O estado emocional é capaz de desencadear diversas
manifestações orgânicas e, até mesmo, doenças.
Muitas vezes, diante de uma situação de forte estímulo
emocional ou do estresse do dia a dia, mecanismos biológicos descarregam a
tensão no corpo, que se manifesta em um órgão, chamado
de "órgão de choque". A pele é um desses "órgãos de choque"
e, certamente, sofre em função dessas oscilações emocionais.
Quando o órgão atingido é a pele, algumas doenças podem ser
desencadeadas ou agravadas, entre elas: psoríase, disidrose, vitiligo,
dermatite seborréica, dermatite atópica, lupus e acne.
Dentre os
vários fatores que provocam o aparecimento das dermatoses, o aspecto emocional
é, talvez, o de maior importância e influencia tanto o surgimento como o
agravamento da lesão. Um exemplo a ser destacado é o da Psoríase, uma das
dermatoses crônicas mais pesquisadas classificada no grupo das psicodermatoses,
cujo fator emocional foi identificado como agravante da doença.
Psoríase é uma doença crônica, não contagiosa, auto-imune que afeta a pele e
articulações. Comumente provocam manchas vermelhas as chamadas placas de
psoríase, áreas de inflamação e produção excessiva da pele.
A pele de pessoas saudáveis é renovada em
cerca de quatro semanas, enquanto a pele dos pacientes com psoríase é renovada
a cada semana. No caso da psoríase as células da epiderme chegam à superfície
da pele, muito mais rápido, permanecendo presas à pele, formando manchas
inchadas, vermelhas, escamosas. Para
se ter uma idéia, uma célula da epiderme, em circunstâncias normais, vive 28
dias, tempo que envolve nascimento, multiplicação e morte. Dentro do quadro de
psoríase, este ciclo de vida cai para 3 dias.
A psoríase
é uma doença com componentes hereditários e de fundo emocional. Geralmente
aparece no início da adolescência, mas pode aparecer também, devido a algum
problema emocional, como a morte de um ente querido, divórcio, perdas
financeiras, e outras situações de perda.
Muito
provavelmente a questão emocional atua como um importante fator desencadeante
da Psoríase em pessoas com certa predisposição genética para a doença. Fala-se
em componente genético porque cerca de 30% das pessoas que têm psoríase também
têm familiares acometidos por ela.
É fácil reconhecer os efeitos físicos da
psoríase. Difícil é conceber o impacto da doença no emocional e psicológico.
Pacientes com psoríase relatam sensação de vergonha, preconceito e angustia por
causa do aspecto da pele. Por preconceito ou constrangimento, as pessoas deixam
de procurar ajuda psicologia, complicando assim seu prognóstico.
Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga Clínica
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