Oneomania:
o que se deve saber sobre este transtorno
Vivemos
numa sociedade de consumo no contexto banalizado do discurso capitalista, que
promove o endividamento progressivo do indivíduo, do apelo comercial que
multiplica objetos imaginários de desejo, propiciando o aparecimento de novos
sintomas e novos doentes: "os compradores compulsivos".
A
doença do consumismo tem nome e preocupa as autoridades da área de saúde do
Brasil: chama-se Oneomania, ou consumo compulsivo. Três, em cada dez
brasileiros, a maioria mulheres, compram compulsivamente. A pessoa usufrui
apenas o momento da compra, mas não o produto em si, que muitas vezes é deixado
de lado sem utilidade alguma. A baixa autoestima e o sentimento de vazio são
constantes. Depois da compra vem o arrependimento e a
culpa.
Comprar
faz parte da rotina diária da vida das pessoas, entretanto, para algumas, esta
tarefa pode tornar-se um pesadelo. Para os compradores compulsivos, a
incapacidade de controlar os impulsos faz com que o ato de comprar se transforme
numa batalha entre o desejo e a razão, na qual o desejo, na maioria das vezes,
sai vencedor.
Comprar
compulsivamente é sinal de doença. Estourar o orçamento repetidamente é um
vício.
A
Oneomania é uma desordem psicológica que domina a pessoa, levando-a a
comportamentos extremamente inadequados podendo levar a grandes prejuízos
financeiros. A pessoa Oneomaníaca não consegue se controlar, é como o viciado em
jogo ou em alguma droga.
Com
o aparecimento dos grandes centros de compras, a partir do século 20, a
facilidade de se conseguir financiamento, a utilização do cartão de crédito, do
cheque especial, o poder da publicidade e propaganda, o distúrbio foi ficando
mais evidente. Afinal, as pessoas nunca tiveram tanto acesso aos bens de consumo
como têm hoje.
O
compulsivo por compra acaba sempre adquirindo um determinado tipo de objeto, por
exemplo, 2 a 5 pares de sapatos por mês, colecionam bolsas, 20 gravatas de uma
só vez, às vezes produtos caros, podendo gastar em um único dia, um talão de
cheques, ou ainda, possuir 20, 30 peças de vestuário que acabam esquecidas no
armário.
A
pessoa sente uma enorme pressão para fazer compras baseadas em uma profunda
carência afetiva, sentimento de frustração, um enorme vazio e ansiedade
descontrolada. Os compradores compulsivos, no período que antecede o
comportamento do consumo, apresentam reações físicas próprias da ansiedade como:
taquicardia, sudorese, irritação, falta de controle, agressividade. Essa
ansiedade só diminui durante o ato da compra, ou imediatamente após a mesma,
seguida por sentimentos de culpa e remorso e, finalmente por baixa autoestima.
A
Oneomania é um distúrbio bastante controvertido do ponto de vista
psiquiátrico e psicológico, porém, tem sido caracterizado como um transtorno de
ansiedade e classificado dentro dos transtornos do
impulso.
Segundo
estudiosos, de modo geral, apenas 20% das compras ou contratação de serviços são
realmente imprescindíveis. Os outros 80% são realizados por motivos ou situações
diversas, como: impulsos incontroláveis, ingenuidade, imaturidade, influência da
propaganda.
É
interessante avaliar o que nos leva a comprar, não apenas o indispensável mas
produtos cuja finalidade ou utilidade são prescindíveis. Tudo o que compramos
satisfaz de alguma forma às nossas necessidades, seja para saciar a fome, a
sede, curar uma doença, proporcionar conforto, lazer e satisfação pessoal. Entre
os indicadores para se saber se alguém é Oneomaníaco, podemos citar: não
resistir ao impulso de comprar; gastar mais que o planejado, ou que o prejudica
financeiramente, pedir dinheiro emprestado com freqüência, utilizar-se de
estratégias escusas para se livrar das dívidas, precisar efetuar uma compra de
qualquer maneira ou independentemente da necessidade do produto comprado,
perceber que está comprando coisas inúteis e assumir dívidas muito acima do
valor de sua renda mensal. Este é um problema de natureza psicológica, que leva
a comportamentos extremamente inadequados, podendo causar grandes prejuízos
financeiros, familiares e sociais. As pessoas geralmente não se dão conta de
serem portadoras deste distúrbio, acreditando ser algo momentâneo do qual terá
controle da próxima vez, porém, na verdade a cura não depende somente de
esforço. No caso da Oneomania o nível de ansiedade é alto, exigindo
tratamento especializado.
Profa.
Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga
Clínica
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