quinta-feira, agosto 02, 2012




Assertividade e sua importância no mundo moderno  



Assertividade está ligada à palavra asserção, que segundo o dicionário Aurélio, quer dizer: Afirmação, asseveração. Fazer asserções significa afirmar, do latim afirmare, tornar firme, eu diria, mais especificamente “asserção naquilo que se acredita verdadeiro.” O assertivo não enrola, não inventa, não disfarça, não distorce, diz de forma simples, natural e empática o que tem a dizer. É a forma de se expressar diretamente os próprios pensamentos, opiniões, vontades, idéias, sentimentos e emoções, sem ser coercitivo, ameaçador ou autoritário. É ser pacífico sem ser passivo.

A postura assertiva é uma virtude, pois se mantém no justo meio-termo entre dois extremos indesejáveis, um por excesso (agressão), outro por falta (passividade ou submissão). Ao assumir a postura assertiva, é possível desenvolver relações maduras e produtivas nos diversos ambientes profissionais, familiar e social bem como em quaisquer situações do cotidiano.

Muitas pessoas confundem pessoas assertivas com pessoas agressivas. Porém, as primeiras nada mais são do que pessoas francas, diretas, que sabem se posicionar com clareza e exprimir suas opiniões sem ofender aos demais. Pessoas assertivas evitam situações desagradáveis, e tem autocontrole sobre seus comportamentos.
Para ser assertivo é preciso ser autêntico, sem ser invasivo, verdadeiro, sem ser arrogante, franco, sem ser hostil consigo próprio e com os outros. É poder enfrentar situações delicadas com sabedoria e elegância, quando for preciso dizer algo verdadeiro que possa ser interpretado como desagradável por alguém; ou manifestar atitude não habitual com risco de receber feedback negativo. Quando, por exemplo, for preciso ou apropriado dizer não a quem nos pede um favor ou algo que não está ao nosso alcance, sem medo de desagradar; quando for preciso fazer face às críticas; quando se tem queixas a apresentar; quando alguém nos coloca em situação de constrangimento ou chantagem, quando for preciso desmascarar uma manipulação, quando se tratar de defender nossas convicções, idéias e direitos, etc.
A pessoa assertiva sabe que nada é definitivo e sabe que não precisa acertar nem agradar sempre, nem dar satisfação a todos, por tudo que faz.
 O postulado fundamental da assertividade é que o "outro" é, a priori, digno de confiança. O que não quer dizer que tenha os mesmos gostos e os mesmos interesses que nós. A confiança mútua consiste em reconhecer o caráter eventualmente divergente dos interesses e admitir as diferenças de sensibilidade procurando sem reservas pontos de concordância com base na realidade.
Toda pessoa assertiva tem uma auto-estima positiva e procura, sempre, se auto-avaliar para modificar padrões de pensamentos e valores pessoais. É capaz de expressar suas idéias, expor suas opiniões e lidar com seus sentimentos. É capaz de lutar por seus direitos, sem, contudo, violar os direitos dos demais. É autoconfiante, independente e sabe o que quer. Acredita em sua capacidade de agir e gerar resultados eficientes em seu ambiente. É paciente e sabe lidar com as diferenças. Fala de modo direto “não manda recados”. Afirma seu ponto de vista com respeito pelos outros.
 Hoje, no mundo dos negócios, os profissionais devem ser assertivos, pois não basta ter competência técnica, as empresas buscam pessoas talentosas e assertivas Entretanto, caso o leitor não se julgue dotado de assertividade positiva, não se desespere, é possível desenvolve-la pelo aprendizado, exercício e aperfeiçoamento.
Ao ser assertivo com o seu interlocutor, a pessoa está afirmando o seu “Eu”, por isso a assertividade está ligada a pessoas que têm autoconhecimento e auto-estima positiva capaz de fazer seu próprio marketing pessoal e profissional.
 Algumas pessoas não utilizam a assertividade em sua comunicação porque pensam que, revelando seus desejos e intenções, possam vir a ser rejeitadas.
Tenha em mente que a assertividade pode caminhar com a cooperação; como exemplo, você não precisa depreciar ou menosprezar o outro para impor suas idéias ou defender seus pontos de vista. Você favorece seus contatos sociais quando a outra pessoa percebe que você a respeita, mesmo tendo opiniões e crenças diferentes.
Ser assertivo é ser capaz de manter a calma diante de situações embaraçosas, resolver problemas diretamente, sem julgar ou culpar os outros, saber conduzir relações interpessoais de forma positiva é ser habilidosos nas relações sociais. Pessoa assertivas tem maturidade suficiente para evitar confrontos e disciplina necessária para levar adiante seus projetos.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
             Psicóloga Clínica


Psoríase: pele e emoção  


A pele é altamente sensível às emoções, em virtude das ligações existentes entre ela e o sistema nervoso. Ambos possuem a mesma origem embriológica. Ambos derivam do ectoderma, o folheto externo do embrião, que, na sua evolução, dobra-se sobre si mesmo formando um tubo, chamado tubo neural. A parte que fica por fora vai formar a pele e a parte interna vai desenvolver o sistema nervoso. Portanto, desde o início, a pele está em ligação direta com o sistema nervoso, enviando-lhe constantemente informações sobre o meio externo.

Ao nascer, a pele é o maior órgão de percepção. Ela registra as mudanças do quente e aconchegante corpo materno, para o frio e áspero mundo externo. Assim, a pele se torna o meio de contato físico e de resposta de uma gama de emoções que a criança vivencia, seja de bem estar ou de angústia.

A pele é também, um órgão de comunicação e, portanto, uma das formas do indivíduo expressar insatisfação, mal-estar ou desconforto por meio da somatização. Ela é o espelho do funcionamento do organismo ao refletir e interpretar: sua cor, textura, umidade, secura, sensações de frio, calor e, no toque o prazer e o desprazer com repercussões no estado psicológico e fisiológico.

Os quadros psíquicos principais nas dermatoses são ansiedade, depressão e sintomas obsessivo-compulsivos, que podem ser discretos, não caracterizando doenças, mas influenciando a evolução da dermatose.

A conexão entre a pele, o sistema psíquico e as doenças psicossomáticas é abordada pela dermatologia integrativa. Grande tem sido a contribuição da psicologia para ampliar os conhecimentos sobre o estado psíquico dos doentes dermatológicos, sobretudo através da psicoterapia numa abordagem cognitivo-comportamental.

Já não há mais como negar a interação entre o corpo e a mente. O estado emocional é capaz de desencadear diversas manifestações orgânicas e, até mesmo, doenças.

Muitas vezes, diante de uma situação de forte estímulo emocional ou do estresse do dia a dia, mecanismos biológicos descarregam a tensão no corpo, que se manifesta em um órgão, chamado de "órgão de choque". A pele é um desses "órgãos de choque" e, certamente, sofre em função dessas oscilações emocionais.

Quando o órgão atingido é a pele, algumas doenças podem ser desencadeadas ou agravadas, entre elas: psoríase, disidrose, vitiligo, dermatite seborréica, dermatite atópica, lupus e acne.

Dentre os vários fatores que provocam o aparecimento das dermatoses, o aspecto emocional é, talvez, o de maior importância e influencia tanto o surgimento como o agravamento da lesão. Um exemplo a ser destacado é o da Psoríase, uma das dermatoses crônicas mais pesquisadas classificada no grupo das psicodermatoses, cujo fator emocional foi identificado como agravante da doença.

Psoríase é uma doença crônica, não contagiosa, auto-imune que afeta a pele e articulações. Comumente provocam manchas vermelhas as chamadas placas de psoríase, áreas de inflamação e produção excessiva da pele.

A pele de pessoas saudáveis é renovada em cerca de quatro semanas, enquanto a pele dos pacientes com psoríase é renovada a cada semana. No caso da psoríase as células da epiderme chegam à superfície da pele, muito mais rápido, permanecendo presas à pele, formando manchas inchadas, vermelhas, escamosas. Para se ter uma idéia, uma célula da epiderme, em circunstâncias normais, vive 28 dias, tempo que envolve nascimento, multiplicação e morte. Dentro do quadro de psoríase, este ciclo de vida cai para 3 dias.

A psoríase é uma doença com componentes hereditários e de fundo emocional. Geralmente aparece no início da adolescência, mas pode aparecer também, devido a algum problema emocional, como a morte de um ente querido, divórcio, perdas financeiras, e outras situações de perda.

Muito provavelmente a questão emocional atua como um importante fator desencadeante da Psoríase em pessoas com certa predisposição genética para a doença. Fala-se em componente genético porque cerca de 30% das pessoas que têm psoríase também têm familiares acometidos por ela.

É fácil reconhecer os efeitos físicos da psoríase. Difícil é conceber o impacto da doença no emocional e psicológico. Pacientes com psoríase relatam sensação de vergonha, preconceito e angustia por causa do aspecto da pele. Por preconceito ou constrangimento, as pessoas deixam de procurar ajuda psicologia, complicando assim seu prognóstico.


                      Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                Psicóloga Clínica 

Oneomania: o que se deve saber sobre este transtorno  



            Vivemos numa sociedade de consumo no contexto banalizado do discurso capitalista, que promove o endividamento progressivo do indivíduo, do apelo comercial que multiplica objetos imaginários de desejo, propiciando o aparecimento de novos sintomas e novos doentes: "os compradores compulsivos". 
A doença do consumismo tem nome e preocupa as autoridades da área de saúde do Brasil: chama-se Oneomania, ou consumo compulsivo. Três, em cada dez brasileiros, a maioria mulheres, compram compulsivamente. A pessoa usufrui apenas o momento da compra, mas não o produto em si, que muitas vezes é deixado de lado sem utilidade alguma. A baixa autoestima e o sentimento de vazio são constantes. Depois da compra vem o arrependimento e a culpa.
            Comprar faz parte da rotina diária da vida das pessoas, entretanto, para algumas, esta tarefa pode tornar-se um pesadelo. Para os compradores compulsivos, a incapacidade de controlar os impulsos faz com que o ato de comprar se transforme numa batalha entre o desejo e a razão, na qual o desejo, na maioria das vezes, sai vencedor.
Comprar compulsivamente é sinal de doença. Estourar o orçamento repetidamente é um vício. 
            A Oneomania é uma desordem psicológica que domina a pessoa, levando-a a comportamentos extremamente inadequados podendo levar a grandes prejuízos financeiros. A pessoa Oneomaníaca não consegue se controlar, é como o viciado em jogo ou em alguma droga.
Com o aparecimento dos grandes centros de compras, a partir do século 20, a facilidade de se conseguir financiamento, a utilização do cartão de crédito, do cheque especial, o poder da publicidade e propaganda, o distúrbio foi ficando mais evidente. Afinal, as pessoas nunca tiveram tanto acesso aos bens de consumo como têm hoje.
O compulsivo por compra acaba sempre adquirindo um determinado tipo de objeto, por exemplo, 2 a 5 pares de sapatos por mês, colecionam bolsas, 20 gravatas de uma só vez, às vezes produtos caros, podendo gastar em um único dia, um talão de cheques, ou ainda, possuir 20, 30 peças de vestuário que acabam esquecidas no armário.
            A pessoa sente uma enorme pressão para fazer compras baseadas em uma profunda carência afetiva, sentimento de frustração, um enorme vazio e ansiedade descontrolada. Os compradores compulsivos, no período que antecede o comportamento do consumo, apresentam reações físicas próprias da ansiedade como: taquicardia, sudorese, irritação, falta de controle, agressividade. Essa ansiedade só diminui durante o ato da compra, ou imediatamente após a mesma, seguida por sentimentos de culpa e remorso e, finalmente por baixa autoestima.
A Oneomania é um distúrbio bastante controvertido do ponto de vista psiquiátrico e psicológico, porém, tem sido caracterizado como um transtorno de ansiedade e classificado dentro dos transtornos do impulso.  
            Segundo estudiosos, de modo geral, apenas 20% das compras ou contratação de serviços são realmente imprescindíveis. Os outros 80% são realizados por motivos ou situações diversas, como: impulsos incontroláveis, ingenuidade, imaturidade, influência da propaganda.
É interessante avaliar o que nos leva a comprar, não apenas o indispensável mas produtos cuja finalidade ou utilidade são prescindíveis. Tudo o que compramos satisfaz de alguma forma às nossas necessidades, seja para saciar a fome, a sede, curar uma doença, proporcionar conforto, lazer e satisfação pessoal. Entre os indicadores para se saber se alguém é Oneomaníaco, podemos citar: não resistir ao impulso de comprar; gastar mais que o planejado, ou que o prejudica financeiramente, pedir dinheiro emprestado com freqüência, utilizar-se de estratégias escusas para se livrar das dívidas, precisar efetuar uma compra de qualquer maneira ou independentemente da necessidade do produto comprado, perceber que está comprando coisas inúteis e assumir dívidas muito acima do valor de sua renda mensal. Este é um problema de natureza psicológica, que leva a comportamentos extremamente inadequados, podendo causar grandes prejuízos financeiros, familiares e sociais. As pessoas geralmente não se dão conta de serem portadoras deste distúrbio, acreditando ser algo momentâneo do qual terá controle da próxima vez, porém, na verdade a cura não depende somente de esforço. No caso da Oneomania o nível de ansiedade é alto, exigindo tratamento especializado.

                 Profa. Dra. Edna Paciência Vietta 
                             Psicóloga Clínica  


  “As crenças que temos sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre o futuro, determinam o modo como nos sentimos: o que e como as pessoas pensam afeta profundamente o seu bem-estar emocional “ ( Beck e Kuyken, 2003)

A terapia cognitiva (TC) foi desenvolvida por Aaron Beck no início da década de 60, na Universidade da Pensilvânia, EUA. Beck tinha como objetivo investigar os mecanismos inconscientes propostos pela psicanálise para explicar o mecanismo da depressão, a partir de estudos empíricos e observações clínicas sistemáticas. Porém, resultados de suas investigações não se mostraram compatíveis com as pressuposições psicanalíticas, levando-o a buscar outros construtos que explicassem de forma satisfatória os dados empíricos observados.
Beck observou que humor e comportamentos negativos eram usualmente resulta de pensamentos e crenças distorcidas e não de forças inconscientes até então sugeridas pela Teoria Freudiana, ou seja, a depressão podia ser compreendida como sendo decorrente das próprias cognições e esquemas cognitivos disfuncionais. Observou que pacientes com depressão acreditam e agem como se as coisas fossem piores do que realmente são.
Utilizando-se da base empírica da teoria da melancolia de Freud, Beck desenvolveu estudos sobre a depressão e em 2006, descobriu que sua pesquisa invalidava conceitos psicanalíticos de depressão e que sintomas desta psicopatologia podiam ser melhor explicados através do exame dos pensamentos conscientes do paciente, no lugar de tentar trazer a tona (hipotéticos) desejos reprimidos e motivações inconscientes. A partir de então, desenvolveu um tratamento para depressão de modo a auxiliar os pacientes a solucionar seus problemas atuais, mudar seus comportamentos disfuncionais e responder de forma adaptativa a seus pensamentos disfuncionais.
As descrições dos indivíduos sobre si mesmos e de suas experiências evidenciavam pensamentos e visões negativas de si mesmos, de suas experiências de vida, do mundo e do seu futuro. Beck deu a esses pensamentos o nome de “pensamento automático”, visto que não precisam ser motivados pelas pessoas para vir à tona. Esses pensamentos são o resultado da forma do indivíduo interpretar as situações do dia-a-dia, ou seja, o que fica “gravado” como importante não é o que está acontecendo de fato, mas a interpretação que o indivíduo dá para o fato. Tais visões demonstram distorções cognitivas da realidade.
As terapias designadas de terapias cognitivo-comportamentais ou (TCC), denomina-se assim porque constituem a integração de conceitos e técnicas cognitivas e comportamentais.
O modelo teórico cognitivo-comportamental considera a cognição como a chave para os transtornos psicológicos, pois a cognição é a função que envolve deduções (pensamentos) sobre a experiência singular do indivíduo e sobre a ocorrência e o controle de sua percepção dos eventos.
Cognição é um termo amplo que se refere ao conteúdo dos pensamentos e aos processos envolvidos no ato de pensar. São aspectos da cognição as maneiras de perceber e processar as informações, os mecanismos e conteúdos de memórias e lembranças, estratégias e atitudes na resolução de problemas.
A psicopatologia é resultante de significados mal adaptativos que o sujeito constrói em relação a si, ao contexto ambiental (experiência) e ao futuro (objetivos), que juntos formam a tríade cognitiva. Na ansiedade, a visão de si é vista como inadequada, o contexto é considerado perigoso e o futuro parece incerto. Já na depressão, os três componentes são interpretados negativamente.
A terapias Cognitiva baseia-se no pressuposto teórico de que os afetos e os comportamentos de um indivíduo são determinados em grande medida pelo seu modo de estruturar o mundo. Isto quer dizer que a visão do mundo de uma pessoa, influencia a forma como ela pensa, sente e age.
A Terapia Cognitiva propõe que nossas emoções e comportamentos não são simplesmente influenciados por eventos e acontecimentos e sim pela forma através da qual processamos, percebemos e atribuímos significados às situações. O homem é um ser em busca constante por significados e explicações. Quando pensamos, estamos também interpretando esta realidade e a nós mesmos. A Terapia Cognitiva busca basicamente intervir sobre as cognições para modificar emoções e comportamentos disfuncionais.
                   Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                             Psicóloga Clínica


Vigorexia ou Anorexia Reversa?   


            É bastante conhecido o fato de que Transtornos Mentais e sintomas de natureza emocional evoluem e se modificam ao longo dos tempos tomando características diferentes nas diversas culturas, mostrando-se sensíveis às transformações sócio-culturais.
Enquanto na época de Freud predominava a Histeria, cuja manifestação ocorria sob a influência da sociedade repressiva do final do século XIX, onde a ordem geral era a implacável e feroz repressão da sexualidade, conduzida por uma moralidade hipócrita e artificial, implacável e feroz, hoje são comuns as compulsões ou Transtornos Alimentares (Anorexia, Bulimia), os Transtornos de Ansiedade, as Fobias, o Pânico, o Transtorno Bipolar, o Transtorno Obsessivo Compulsivo, sob a influência das sociedades modernas. A escravização que as pessoas das sociedades civilizadas se submetem aos padrões de beleza tem sido um dos fatores sócio-culturais associados ao incremento da incidência dos Transtornos Dismórficos, sejam Corporais (associados à Anorexia e Bulimia) ou Musculares (Vigorexia).
A Anorexia, doença que se caracteriza pela recusa à alimentação por medo de engordar, e a Bulimia, na qual a pessoa provoca o próprio vômito. Atingem principalmente as mulheres: 90% dos pacientes são meninas entre 12 e 18 anos. A tentativa de controle do corpo da mulher, que antes se dava através da repressão a traços tidos como naturais, a obrigação de ser meiga, doce, delicada, hoje aparece na imposição estética de beleza e magreza. Controlar o corpo da mulher é também moldar seu comportamento. Um dos efeitos mais perverso disto tudo é o rebaixamento do nível de auto-estima e a desvalorização da singularidade, individualidade e identidade da mulher.
A Vigorexia, comportamento que atinge homens e mulheres surge no contexto de uma sociedade consumista, competitiva, na qual o culto à imagem acaba adquirindo, praticamente, a categoria de religião (na conotação fanatismo), é talvez, uma das mais recentes patologias emocionais, ainda não catalogada como doença específica pelos manuais de classificação (CID 10 e DSM. IV).  
Os vigoréxicos são praticantes inveterados de esportes e ginásticas que se dedicam ao desempenho corporal, sem levar em conta as condições físicas, chegando mesmo a sentirem-se culpados, quando não podem exercitar de forma ritualística ou compulsivamente tais atividades.
            Este distúrbio, comum em homens, às vezes, confundido com simples excesso de vaidade, advém do controle exagerado do crescimento da massa muscular provocada por exercícios constantes e contínuos ou por utilização, muitas vezes inconseqüentes de esteróides anabolizantes, ainda, por obsessão pelo visual fisiculturista, e por uma espécie de narcisismo, mania de admirar-se diante do espelho, esforço para alcançar a perfeição física, dentro de um padrão do tipo Silvester Stallone.
Tanto na Anorexia quanto na Vigorexia as pessoas buscam a imagem perfeita, segundo padrões ditados pela televisão, cinema, revistas, passarelas de moda e pela ambição ou ilusão de galgar prestígio, fama, aceitação, reconhecimento, etc.
Em 1993, o psiquiatra americano Harrison Pope, professor da Faculdade de Medicina de Harvard, Massachusetts denominou a doença como Anorexia Reversa ou Síndrome de Adônis (personalidade mitológico de grande beleza). Segundo Pope, o Transtorno tem certos aspectos comuns com a Anorexia: auto-imagem distorcida, fatores sócio-culturais, automedicação e idade de aparição (entre 18 e 35 anos). Ambas promovem a distorção da imagem que os seus portadores têm sobre si mesmos. A diferença é que enquanto os anoréxicos nunca se acham suficientemente magros, os Vigoréxicos nunca se acham suficientemente fortes e musculosos.
Ter um corpo é ter uma identidade. Alterá-lo para agradar aos outros, sobretudo, para atender a expectativas criadas pela própria indústria da estética, é uma forma de ser menos dono de si mesmo.
        A melhor solução é a prevenção, orientação e detecção precoce.

                       Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                    Psicóloga