O
crescimento da população com mais de 60 anos tornou-se um fenômeno mundial,
inclusive com idosos ultrapassando os 100 anos. Este crescimento demográfico se
deve principalmente à diminuição da natalidade e à redução da mortalidade devido
aos avanços tecnológicos da medicina que sem dúvida, é uma das maiores
conquistas sociais do século XX.
Em
apenas quarenta anos, o número de idosos brasileiros quintuplicou, passando de 3
milhões em 1960 para 14 milhões em 2010, número esse que poderá alcançar 32
milhões em 2020, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). É possível que
alcancemos o patamar aproximado dos 80 anos daqui mais uma década.
Até
2025, segundo a OMS, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos. Em
todo o mundo, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais está crescendo mais
rapidamente que a de qualquer outra faixa etária.
As
representações sociais da velhice estão fortemente associadas às doenças,
limitações, dependência, improdutividade, nostalgia, depressão, num mundo
marcado pela exacerbação do narcisismo balizada no culto ao corpo, com ênfase no
desempenho, bem como, a busca incessante
de prazer e satisfação o hedonismo. O corpo como objeto deve ser esculpido a
qualquer custo mediante recursos como: musculação, cirurgias plástica, próteses,
implantes de silicone, regimes e dietas balanceadas, suplementos vitamínicos,
anabolizantes, rejuvenescimento, etc. Em virtude deste contexto, o imaginário
social do idoso antes associado a perdas que levam a ruptura e ao isolamento,
não faz mais sentido.
Estatísticas
alertam para uma alteração importante no perfil da população brasileira e
conseqüentemente o interesse do mercado por essa faixa da população. É lógico
que, se do ponto de vista do indivíduo que vai viver mais, o fato deva ser
comemorado, não podemos ignorar que o fenômeno tem suas implicações sociais.
Este é um desafio que diz respeito a toda coletividade.
Atualmente
o idoso está passando por processos de transformações, tornando-se mais vaidoso,
preocupado com a saúde e hábitos saudáveis. A constituição dessa nova imagem não
é realizada ao acaso e sem propósito. Uma indústria inteiramente voltada para
este gênero vem sendo montada e expandida com a ajuda do apelo midiático e a
adoção de um novo estilo de vida para os idosos. Na atualidade, novos estilos
estão sendo propostos associados à idéia de que “só é velho quem quer”. É
preciso ficar atento com exageros e distorções.
O
mundo mudou, porém as situações físicas, psicológicas e comportamentais dos
idosos, os recursos para manter a saúde e qualidade de vida, não acompanharam
essa evolução, não sendo, ainda condição acessível a todos.
Manter
a autonomia e independência durante o processo de envelhecimento é fator
fundamental para a sobrevivência de indivíduos nessa faixa etária. Além disto, o
envelhecimento ocorre dentro de um contexto que envolve outras pessoas – amigos,
colegas de trabalho, vizinhos e membros da família, Igreja. Esta é a razão pela
qual interdependência e solidariedade entre gerações (uma via de mão-dupla, com
indivíduos jovens e velhos, onde se dá e se recebe) são princípios relevantes
para o envelhecimento ativo e para a qualidade de vida, educação e prevenção das
futuras gerações.
Os
fatores psicológicos, que incluem a inteligência e capacidade cognitiva (por
exemplo, a capacidade de resolver problemas e de se adaptar a mudanças e
perdas), são indícios fortes de envelhecimento ativo e longevidade (Smits e
cols., 1999). Durante o processo de envelhecimento normal, algumas capacidades
cognitivas (inclusive a rapidez de aprendizagem e memória) diminuem,
naturalmente, com a idade. Entretanto, essas perdas podem ser compensadas por
ganhos em sabedoria, conhecimento e experiência. Freqüentemente, o declínio no
funcionamento cognitivo é provocado pelo desuso (falta de prática), doenças
(como depressão), fatores comportamentais (como consumo de álcool e
medicamentos), fatores psicológicos (por exemplo, falta de motivação, de
confiança e baixas expectativas), e fatores sociais (como a - solidão e o
isolamento), mais do que o envelhecimento em si.
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Profa. Dra.
Edna Paciência Vietta
Psicóloga Clínica
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